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» » » Transformando Maldição em benção



A benção na Palavra de Deus e na Doutrina da Igreja
A benção no Antigo Testamento, sobretudo no Gênesis, tem um significado forte, está ligada a uma transmissão da graça, de um favor divino que o pai passa para um filho, neste caso, o primogênito, conforme Gênesis 48, quando Jacó abençoa os dois filhos de José. A benção é simultaneamente, transmissão de herança e despedida. Ainda no Antigo Testamento, mas segundo a tradição javista[1], presente nos livros dos Números, a benção é entendida como uma atitude benevolente de Deus para o seu povo (Nm 6, 24-26).
            De acordo com o dicionário Bíblico-Teológico de BAUER, abençoar significa o agir de Deus com o homem e com a criação gerando cura e salvação. A benção, apesar de ser destinada, prioritariamente aos seres humanos, ela também se estende aos animais, aos objetos, aos campos e as colheitas, etc (Gn 27, 27; 39, 5; Ex 23, 25; Sl 28, 9; 65, 11). Quando somos alcançados pela benção divina, a vida se torna melhor, a benção gera fecundidade, êxito nos empreendimentos (Dt 28, 3-7). Israel vivia sob a providência divina, porque confiavam plenamente nas bênçãos de Deus.
            No Antigo Testamento também é possível identificar pessoas que o Senhor utiliza para derramar suas bênçãos, são considerados mediadores dessa graça (Gn 26, 24; 1 Rs 8, 14. 54).
            No Novo Testamento, a benção tem o mesmo caráter do Antigo Testamento, contudo a benção tem um caráter cristológico. Jesus abençoa as crianças (Mc 10, 16). Jesus abençoa os discípulos no dia da Ascensão (Lucas 24, 50 ss). Quando Jesus entra em Jerusalém (Mc 11, 9), Ele é aclamado como Bendito, ou seja, a benção de Deus sobre o povo. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (1078) “Abençoar é uma ação divina que dá a vida e da qual o Pai é a fonte. Sua benção é ao mesmo tempo palavra e dom. Aplicado ao homem, esse termo significará adoração e a entrega a seu Criador, na ação de graças”.
- A maldição na Palavra de Deus
            Na visão dos povos do Antigo Testamento e do povo de Deus, a maldição estava vinculada com o poder atribuído à palavra falada. O povo de Deus via Deus como o seu guarda supremo e protetor contra outros povos, por isso é comum em algumas passagens do Antigo Testamento vincular, aos patriarcas, aos reis, aos homens de Deus algumas maldições contra outros povos ou pessoas (Gn 9, 25; Js 6, 26; 1 Sm 14, 24). A maldição nesse sentido precisa ser entendida dentro do contexto da época, ela representava uma forma de proteção, pois não havia leis capazes de proteger o povo, desta forma eles recorreriam a este tipo de invocação, maldizendo os que lhes fazia algo que era considerado ruim.
            A partir de Jesus, com o aprofundamento da revelação divina, benção e maldição passam a ser irreconciliáveis, pois o próprio Cristo nos ensina, no Deus que é Amor, a abençoar os inimigos em vez de os almodiçoar (Lc 6, 28; Rm 12, 14; Tg 3, 9-12). Contudo, àqueles que não aderem ao Cristo e a sua comunidade (Igreja) são entregues a sua própria sorte a maldição, não como um castigo divino, mas pela ação das forças demoníacas que levam as pessoas ao sofrimento, para assim encontrarem a salvação (1Cor 5, 5). A única maldição de Jesus irrevogável será no Juízo Final (Mt 25, 41).
            Amados irmãos, desta forma, podemos perceber o poder da benção sobre toda e qualquer maldição, ainda que muitas tenham sido lançadas sobre nossa vida, a única maldição irrevogável é a do Juízo Final, como Deus está nos dando esse tempo da Graça (Káiros), vamos a Ele, em seu Filho Jesus, para recebermos toda sorte de benção que provém do Pai. Conduzidos e guiados pelo Espírito Santo, sejamos fonte de bênçãos e acolhamos livremente todas as bênçãos do Pai de Amor.

REFERÊNCIAS
BAUER, Johannes. Dicionário Bíblico-Teológico. Loyola. São Paulo. 2004.
Bíblia de Jerusalém. Paulus. São Paulo. 2004.
Catecismo da Igreja Católica. Loyola. São Paulo. 2010.


Elissandro Trindade de Santana
Presidente do Conselho Arquidiocesano da RCC Salvador


[1] Tradição Javista (J) chama a Deus de Javé (Iahweh). Essa tradição é encontrada especialmente nos livros do Gênesis (a partir do capítulo 2), do Êxodo e dos Números. Adota uma linguagem especial, estilo vivo e colorido com profunda percepção psicológica.

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